Capítulo Treze
Novembro, 2008
- Você está bem? – Demetria perguntou, observando que Joe não falara nada desde que se afastaram no cemitério.
Eles estavam dentro do carro agora e, apesar de Joseph ter colocado a chave na ignição, não tinha ligado o veículo. Quando ele apenas assentiu em resposta, Demetria se aproximou e o abraçou, precisavam estar juntos nesse momentos. Por algum tempo, eles apenas ficaram abraçados um ao outro, quando Joe começou a chorar, Demetria apenas o abraçou mais forte.
- Deixa que eu dirijo. – Ela falou, mas Joe negou com a cabeça, limpou as lágrimas e deu partida no carro. – Vamos para casa.
Os dois ficaram em silêncio pelo caminho, também não ligaram o rádio. Quando paravam em um sinal, Demi olhava de soslaio para ele, apenas para verificar como estava dirigindo. Sabia que não precisava dizer nada, estar ali ao seu lado era o suficiente. Ou, pelo menos, ela esperava. Não sabia o que tinha se passado quando Joseph ficara sozinho no cemitério. E talvez não quisesse saber. Mesmo compartilhando a dor, tinham coisas que eram pessoais demais e deveriam ser enfrentadas sozinhos, ela entendia isso.
Joe parou em frente a sua casa. Raramente eles utilizavam a casa. Demi não se sentia à vontade indo até lá; na verdade, não tinha muita coragem de voltar, todas às vezes que entrara ficara por poucos minutos, até convencer Joe a irem para seu apartamento. Agora, entretanto, ele nem ao menos pensou que ela poderia estar se referindo ao apartamento, aquela era a casa deles, afinal.
Demi não disse nada, apenas saiu do carro, entrando na casa acompanhada de Joseph. Sentiu seu coração dar um pulo ao pisar na sala, como acontecia toda a vez que entrava no lar. Ela ficou parada no meio do cômodo por alguns segundos, Joe colocou a mão em suas costas, como se a incentivasse a andar. Demetria, porém, não se moveu, olhou para as escadas, observando as portas que davam para os quartos.
Pegou a mão de Joe, apertando-a, e subiu as escadas, sentindo-se um pouco nervosa e, por causa disso, um pouco estúpida. Ao chegar lá em cima, nada pareceu diferente, sorriu para Joe, como se dissesse que estava tudo bem. A porta do quarto de Stella estava fechada e, Demi imaginou, deveria estar assim há um bom tempo. Ela passou direto, indo em direção ao seu antigo quarto.
Não se surpreendeu ao ver que nada tinha mudado desde a última vez que estivera lá, quando tinha deixado sua aliança na mesa de cabeceira. Notou, porém, que obviamente o anel não estava mais ali. Perguntou-se se Joe havia a guardado ou vendido. Achou pouco provável que ele fosse se desfazer de algo do tipo, deveria estar em algum lugar seguro.
Ela se sentou na cama, parando para respirar e observar. Não tinha tido tempo para averiguar o quarto quando viera com Joe, estava ocupada cuidando dele. Tudo continuava exatamente igual. Provavelmente, se abrisse o armário encontraria as gavetas onde guardava suas roupas vazias e veria que Joe continuava a guardar as roupas no mesmo espaço que sempre guardou quando eram casados.
- Como você está? – Ela perguntou, puxando-o para se sentar ao seu lado.
- Estou bem, eu acho. – Sua voz estava um pouco baixa e rouca, por causa do choro. – E você?
- Também. – Melhor do que nos outros anos, acrescentou mentalmente.
Eles não disseram mais nada. Os dois queriam falar alguma coisa, tinham várias palavras guardadas há três anos, mas não sabiam como pôr para fora. O que se dizia em um momento como esses? Ela voltou a pensar, como sempre pensava. Era a primeira vez que passava aquele dia com alguém, em quatro anos.
No dia em que Stella morrera, ela ficara sozinha. Em 2006, apesar de ter estado com Jim, ela, no fundo, estava sozinha, compartilhara com ele sua história, mas não sua dor. No ano anterior, optara pela solidão também. Agora, ela precisava estar com Joe e não sabia como. Não sabia como estar verdadeiramente com ele e não apenas ao seu lado.
- Você não mudou muita coisa na casa. – Ela comentou, por fim. Diria, na verdade, que ele não mudou nada, mas resolveu deixar quieto. Joe apenas assentiu, sabendo que não fizera mudança alguma, literalmente, apenas limpava e botava tudo no lugar novamente. – Isso é estranho.
- Por quê? – Ele franziu a testa, não era estranho, era normal para ele. Não muito saudável, mas normal. – Está bom do jeito que está.
- É, mas a impressão que dá é que voltamos ao tempo. – Demi falou, enquanto observava o quarto e percebia que era realmente verdade o que dizia. – Faz parecer que tudo continua igual.
Ela não precisou colocar em palavras para Joe saber o que ela queria dizer: parecia quase que Stella ainda estava viva. Dava a sensação de que, quando saíssem do quarto, encontrariam Stella rondando a casa. Esse era o objetivo, ele pensou consigo mesmo.
- Isso é errado, você sabe. – Ela completou. – Você precisa deixá-la ir, Joseph.
- Não sei do que você está falando. – Ele tentou acabar com o assunto, levantando-se da cama e andando pelo quarto; passou a mão pelo cabelo, sentindo o nervosismo de quem estava fazendo algo errado. – Eu não paro muito em casa, com os shows e tudo mais. Não tenho tempo para ficar rearrumando os objetos e mudando a decoração. É sem sentido, tudo está ótimo do jeito que está.
Demetria o olhou, com pena. Não somente com pena de Joe, mas um pouco com pena dela mesma, pois sabia que aquela já havia sido ela uma vez. A diferença era que Joe escondia muito melhor, poucas pessoas conseguiam ver que ele precisava de ajuda. Ao contrário dela, que deixava claro para todos o quanto ela estava sofrendo, o quanto ela rejeitava a morte da filha.
Joe não rejeitava a morte de Stella, ela sabia. Apenas não conseguia deixar para trás. E Demi entendia isso, entendia completamente. Ela tinha tido ajuda profissional e talvez só por isso tivesse conseguido superar. Não sabia se somente sua ajuda seria o suficiente para fazer com que Joe superasse também.
- Isso é mentira, Joe. – Ela respondeu; sua voz calma e o tom de censura fez Joseph estremecer. – Mudar ajuda a aceitar que as coisas mudaram. Você mudou, a casa precisa mudar também. – Ela completou. – Fica esse clima sombrio toda a vez, é como se algo nos impedisse de continuar com a vida.
- Mas eu estou continuando com a vida, eu estou. – Ele murmurou, tão baixo que Demi quase não pôde ouvir. – Não é isso que eu venho fazendo há três anos? Levando a vida. Quando eu vou parar de continuá-la e simplesmente viver?
Sentiu a irritação borbulhar dentro de si. Tudo o que ele vinha fazendo era continuar com a vida, ele já estava fazendo isso, por que todos continuavam insistindo no assunto. então? Por que Demi estava falando isso? Logo ela, dentre todas pessoas. Fora Demetria, afinal, quem ficara chorando durante meses. Fora ela quem entrara em depressão e precisara tomar remédios para lidar com a dor. Por que, então, era ele quem estava pior agora? Por que era ele quem não conseguia mudar?
- É você quem está dizendo que não está vivendo. – Demetria falou, dando de ombros. – Você tem controle sobre a sua vida, Joseph. Se está irritado com a situação, mude-a.
Joe não soube responder aquilo. Não queria magoar Demetria com um comentário rude, sabia que ela estava apenas tentando ajudar. Não estava conseguindo. “Mude-a”, como se fosse simples assim. Ela chegava ali e jogava tudo aquilo em cima dele, toda a verdade sobre seus sentimentos que ele vinha tentando esconder, e agora falava isso. Irritado, ele saiu do quarto e entrou no banheiro. Tomaria um banho para se acalmar e, quando saísse, era melhor Demi ter encontrado um assunto melhor.
Demetria não falou nada quando Joe simplesmente saiu para tomar banho, ele precisava de um tempo para absorver as informações. E ela também.
Talvez não devesse ter dito nada daquilo, falando como se entendesse alguma coisa. Talvez Joe realmente não tivesse tido tempo de rearrumar a casa ou simplesmente não quisesse, só porque para ela aquilo significava uma coisa, para ele podia ser diferente. Ela estava passando dos limites. Aquele deveria ter sido um dia para eles ficarem juntos e, veja só, ela conseguira machucar Joe e eles estavam separados agora.
Sentiu as lágrimas brotando em seus olhos e dessa vez não sabia por que exatamente. Era uma mistura de raiva, irritação, tristeza e arrependimento. Quis socar um travesseiro, mas se sentiu estúpida apenas por ter esse pensamento, então levantou-se da cama e resolveu sair daquele quarto. O problema era aquela casa, pensou para si mesma, trazia muitas energias negativas.
Sem parar para pensar, acabou indo parar no quarto de Stella. Era automático, pensou. Fizera aquele caminho tantas vezes enquanto morara naquela casa, que não sabia mais como desviar. Acusara Joe de não ter mudado a casa, mas ela também não teria feito nada se não tivesse se mudado. Era uma hipócrita, isso sim. Irritada consigo mesma, elas deixou que as lágrimas caíssem por alguns segundos, então limpou seu rosto, determinada a parar de chorar, e ficou apenas observando o quarto vazio.
Como já esperara, Joseph não fizera nenhuma mudança no cômodo. As paredes continuavam da mesma cor, a estante continuava presa na parede e a base da pequena cama continuava ali. Demi imaginou que, se ela não tivesse doado todas as roupas e brinquedos de Stella alguns anos antes, tudo ainda estaria no devido lugar.
Ela quase pulou de susto quando sentiu uma mão no seu ombro, virou-se apenas para confirmar que era Joe. Ele não disse nada, mas ela percebeu que ele estremeceu ao ver seus olhos ainda inchados.
- Me desculpa, Demi. – Ele a abraçou. – Eu não deveria ter saído assim.
- Está tudo bem. Você estava certo, eu não tinha nada que me meter, você sabe o que faz com a sua vida. – Respondeu, com a voz falhando um pouco, tanto por causa do choro quanto pela chateação.
- Não. – Ele falou, determinado. – Eu estava com a cabeça quente, mas agora estou melhor.
Ele havia pensado durante o banho. Sempre conseguia pensar melhor enquanto caía água em sua cabeça. Demetria estava certa, afinal. Ele vinha rejeitando, de certa forma, a vida. Mesmo se recuperando do alcoolismo e se acertando com Demi, ele não conseguira mudar sua casa. E, como dizem, a casa reflete o morador.
- Obrigado. – Falou simplesmente. – Eu vou mudar a casa.
Demi iria começar a falar, mas percebeu que Joe ainda não tinha terminado. Ele olhou para ela e pegou sua mão, como se apenas para confirmar seu agradecimento.
- Mas essa casa também é sua. – Ele completou. – Nós vamos mudar juntos, Demi.
Ela ia responder que não morava mais lá, mas entendeu o que Joseph quis dizer. Ele queria que ela voltasse para lá. Queria que ela voltasse para casa. E ela também queria, percebeu, no fundo, aquele apartamento era apenas temporário porque, por mais que aquela casa a enchesse de lembranças que ela preferia esquecer e a desse arrepios algumas vezes, ainda era seu lar e ela pertencia à ali. Assentiu e se aproximou de Joe para beijá-lo.
10 coment's para o proximo
oie hehe... ai esses capitulos estao cada vez mais lindos...q fofo o Joe falando praa Demi pra mudarem aaaa casa juntos...historia perfeitaaa... postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirPooooooooooooooosta please!
ResponderExcluirass:Jemi-Love
Posta pelo amor do amor !!!Por favor!
ResponderExcluirPosta posta
ResponderExcluirQue historia lindA!*__*!
ResponderExcluirChorando com a historia
ResponderExcluirChorando com a historia
ResponderExcluirPosta posta posta posta posta posta loooogo por favorzao!!!
ResponderExcluirPoste logo se não................
ResponderExcluirposta por favor amo seu blog!
ResponderExcluirTa pefeito !!
ResponderExcluirposta maaaaaaais
Ta cada dia mais perfeita!
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