terça-feira, 6 de março de 2012

Capítulo Doze
Setembro, 2008

Demetria acordou com um sorriso no rosto. Não porque tinha tido um sonho bom, mas sim porque tinha tido uma noite boa e estava feliz, puramente feliz. Notou que os braços de Joe a envolviam e virou-se para o lado com cuidado, vendo que ele ainda dormia profundamente.
Por algum tempo, ela não poderia dizer quanto, Demi ficou ali apenas olhando-o, como se não existisse mais nada no mundo. Ele era tão lindo quando estava dormindo. Ela não sabia como tinha conseguido viver sem acordar com essa imagem todas as manhãs. Não sabia como conseguia não querer olhar para o marido de manhã, na época em que ainda moravam na mesma casa.
Quebrando seu hipnotismo, Demetria, com cuidado, levantou-se e foi tomar banho, enquanto esperava que Joe acordasse para que tomassem café-da-manhã.
A noite anterior havia sido completamente perfeita, mas Demi não tinha certeza do que ela significava. Aquilo havia sido algo de uma noite só, como uma recaída e, então, eles voltariam a ser amigos novamente? Eles virariam algo como namorados, o que seria um pouco ridículo, já que eles eram casados? Eles voltariam alguns anos atrás, como se nada tivesse acontecido? Todas essas hipóteses pareciam improváveis para Demi, ela não fazia a mínima ideia do que aconteceria dali em diante.
Naquele momento, ela não queria pensar em nada daquilo. Eles teriam tempo para decidir o que aconteceria, o que for para acontecer acontecerá, essa era sua nova filosofia. Agora, ela apenas iria tomar um banho e relaxar.

Ao sair do banho, Demi não encontrou Joe no quarto. Sem se importar muito, concluindo que ele provavelmente já acordara, ela vestiu sua roupa e foi procurá-lo. Como o apartamento não era muito grande, ela não precisou de muito tempo para encontrá-lo na cozinha, preparando um sanduíche para os dois. Ela sorriu para ele, aproximando-se e beijando sua bochecha, sem saber ao certo como se comportar. Ajudou Joseph a servir a mesa e, então, tomaram café-da-manhã em silêncio.
Às vezes, seus olhares se encontravam e eles riam, um curto riso sem motivo. Nenhum deles sabia como agir. O silêncio, entretanto, não era nem um pouco constrangedor. Era, na verdade, familiar, como se eles sempre tivessem feito isso e simplesmente não tivessem nada para dizer.
Quando terminaram de comer, Demetria recolheu os pratos e os colocou na pia, para lavar depois. Joe recostou-se na bancada da cozinha e ficou apenas olhando para a esposa, como se dissesse que eles teriam que falar um com o outro, eventualmente.
- Nunca estive no seu apartamento antes. – Ele comentou. – É bonito, faz bem seu estilo.
- É, suponho que sim. Principalmente agora, que Catherine levou todas suas coisas para sua nova casa. – Respondeu, ficando, de repente, meio nervosa. – É bem pequeno, mas eu gosto daqui. – Completou, referindo-se ao apartamento.
Joseph assentiu, concordando. Queria dizer que a casa deles era bem maior, perguntar se ela tinha se acostumado, se sentia saudade de lá. Não disse nada, já que seus pensamentos estavam em outro lugar.
- Nós precisamos conversar, Demi. – Ele falou, finalmente, o que estava o afrontando.
- Eu sei. – Não queria, mas sabia, ela completou.
Apontou a cabeça em direção à sala, dizendo que eles deveriam ir para lá, e foi até lá, sendo seguida por Joe. Sentou-se no sofá, não querendo começar a falar, mas também não querendo ouvir. É claro que eles tinham que conversar, mas já? Não podiam passar pelo menos aquele dia sem dizer nada, apenas aproveitando a companhia um do outro?
- Demi... - Ele começou, sua voz estava meio rouca, em um tom baixo, como se não quisesse dizer aquilo mais do que ela queria ouvir. E era verdade. – O que aconteceu ontem foi... – Ele pausou e Demetria ergueu as sobrancelhas, curiosa para saber como ele descreveria o que acontecera. – Inesperado.
Inesperado? De que modo aquilo havia sido inesperado? Joseph estava só enrolando, falando coisas sem pensar. Não havia sido nem um pouco inesperado. Ela não falou nada, entretanto, ficou calada esperando que Joe terminasse de falar.
- E foi um erro. – Ele completou. – Eu sinto muito, Demi, eu não devia ter feito isso.
- Um erro? – Ela perguntou, surpresa e, ao mesmo tempo, começando a se irritar. – Por que você acha que foi um erro? – Ela tentava manter seu tom calmo.
- Bom, não sei... Você não acha que foi? – Ele perguntou, meio inseguro, sem saber como agir com Demetria. Eles nunca tiveram que discutir a relação antes. Ele suspirou, tentando encontrar as palavras certas. – Como eu vou esquecer você agora, Demi? Como devo recomeçar, mais uma vez, minha vida?
- E por que você precisaria me esquecer?
Ela ergueu as sobrancelhas, olhando para ele, como se o desafiasse. Demetria se aproximou dele, segurando suas mãos. Sorriu quando ele olhou para ela e Joe sorriu de volta. Ela se aproximou mais e o beijou. Foi um beijo curto, mais para acabar com o assunto do que qualquer coisa.
- E como nós ficamos? – Ele perguntou quando eles se separaram. Demi deu de ombros, não sabendo como responder.
- Deixe que o tempo dirá. – Ela sorriu. – Não vamos apressar nada, Joe, com o tempo tudo se resolverá sozinho.
Ele assentiu, apesar de não concordar inteiramente. Tinha mais coisas para falar com Demi, muito mais coisas. Os dois sabiam que tinham milhões de assuntos pendentes, mil conversas inacabadas, inúmeras perguntas e dúvidas, mas se passaram tantos anos sem respostas, não faria diferença mais alguns dias. Deixando o que tinha a dizer de lado, abraçou Demetria, puxando-a mais para seu colo e a beijou, contente por tê-la em seus braços novamente.

- Sério mesmo que você não vai me contar para onde está me levando? – Ela perguntou, fingindo-se de irritada, mas sorrindo como uma boba, rindo um pouco. – Vamos lá, Joseph, me conte! - Ela bateu no braço dele, de brincadeira, e fez bico quando ele virou para olhá-la.
- Já disse, estamos chegando. Chegaríamos ainda mais rápido se você parasse de me agredir e eu pudesse dirigir direito. – Ele completou, reclamando, e Demetria, ao seu lado, revirou os olhos.
Já fazia mais de uma semana que eles estavam saindo juntos, ou seja lá o que estava acontecendo entre eles. Desde aquele primeiro dia, não tinham mais conversado sobre o que iria acontecer ou tinha acontecido, estavam apenas aproveitando o momento. Demetria estava agradecida por isso, mas sabia que, quanto mais tempo passava, mais tenso o clima ficava, às vezes, como se certos assuntos precisassem ser resolvidos logo, para poderem continuar. Ou terminar. Esse era o problema, o medo de que tudo pudesse acabar novamente.
De qualquer forma, Joe resolvera levá-la para sair naquele dia e não queria, de jeito nenhum, contar-lhe para onde, o que só serviu para deixá-la curiosa. Adorava receber surpresas, mas não gostava nem um pouco daquele sentimento que vinha antes, de não saber o que lhe esperava.
Quando Joe começou a diminuir a velocidade, Demetria resolveu olhar pela janela. Franziu a testa quando ele parou em frente a um restaurante, entregando o carro para um manobrista. Ao sair do carro, entretanto, ela começou a reconhecer o local, olhou para Joe, como se lhe perguntasse se estavam mesmo onde achava que estavam
- Acredito que eles tenham mudado o cardápio desde a última vez que estivemos aqui, mas não muito, já que o nome continua o mesmo. – Ele observou, sorrindo para Demi.
Puxou-a pela mão para entrarem no restaurante. Por sorte, um casal tinha acabado de pagar a conta e eles não tiveram que esperar nem dois minutos para se sentar. Quando o garçom lhes entregou o cardápio – que, surpreendentemente, não tinha mudado tanto assim – Demi finalmente conseguiu falar alguma coisa.
- Eu não acredito que você se lembra do lugar. – Ela falou, ainda meio maravilhada.
- Ora, querida, como você queria que eu me esquecesse do nosso primeiro encontro? – Ele sorriu e, então, pareceu meio pensativo. – Meu plano original era te levar para aquela sorveteria perto do colégio, onde te beijei pela primeira vez. – Ele completou, com uma feição divertida. – Mas acabou que fechou há muitos anos atrás e agora é um cabeleireiro. Achei que não era uma boa ideia te levar lá para comer.
Demetria riu, ainda sem palavras. Era incrível como Joseph pensava em tudo, como ele se lembrava dos mínimos detalhes. Ele teve o trabalho de procurar pela sorveteria – Ele se lembrava da sorveteria, para começar! – e depois o restaurante. Como ela tinha deixado que ele fosse embora uma vez? Duas vezes, aliás. De uma coisa ela tinha certeza: ela não deixaria uma terceira vez acontecer.
- Então, por que me trouxe aqui? – Ela perguntou, sem desmanchar o sorriso, enquanto esperavam pelo jantar. – Alguma ocasião especial?
- E eu preciso de motivo para te levar para jantar? – Ele ergueu as sobrancelhas.
- Então foi só para mostrar que ainda lembrava o lugar mesmo? – Ela perguntou, rindo, e revirou os olhos quando Joe confirmou.
Como Demi não sabia mais o que dizer, ainda levemente encantada com Joe, os dois fizeram o pedido em silêncio, trocando olhares e sorrisos de vez em quando. Apenas quando a comida chegou, eles começaram a falar sobre alguma coisa. Eles conversavam sobre qualquer coisa. Uma das coisas que Demi mais gostava sobre Joe, é que eles podiam falar sobre tudo. E, exatamente por isso, Demetria sabia que Joseph não estava falando alguma coisa que queria e aquilo a estava encucando. É claro que ela desconfiava do que ele iria dizer, mas queria que ele falasse do mesmo jeito. Ia acontecer eventualmente, de um jeito ou de outro.
- Então, você vai me dizer realmente por que me trouxe aqui? - Ela perguntou, enquanto eles saíam do restaurante.Joe apenas pegou sua mão e andou em direção ao carro. – Sério, eu sei que você está pensando em alguma coisa, pode me contar.
Joseph continuou sem respondê-la, até entrar no carro e ligá-lo. Ele se virou para Demetria, encarando-a por alguns segundos, antes de dar um pequeno sorriso.
- Como nós estamos, Demi? – Ele perguntou, finalmente, como se estivesse desabafando alguma coisa.
- Bem? – Ela riu da pergunta, mesmo sabendo o que ele queria dizer. Ele a encarou um pouco sem paciência e Demi ficou séria novamente, dando de ombros. – Eu não sei, Joe, o que você quer que eu diga?
- O que nós somos. Quando eu for apresentá-la para alguém, como devemos introduzi-la? Como minha esposa, ex-mulher, namorada?
- Que tal só como “Demetria”? – Respondeu, sem saber o que Joseph queria dela. O que ele esperava? Ela sabia tanto quanto ele sobre isso. – Tecnicamente, nós estamos casados. Mas não na prática, então acho que isso nos faz namorados, de novo. – Ela tentou simplificar.
- Namorados? – Ele franziu a testa, como se não achasse o termo adequado.
E não era. Mas não existia nenhuma palavra que eles conhecessem, pelo menos, que definisse a situação em que estavam. Namorados era simples demais, é claro, não chegava nem perto de resumir o que representavam um para o outro, mas para fins práticos era a melhor definição que podiam encontrar.
- Por enquanto, pelo menos. – Ela completou e sorriu para Joe. – Vamos para a minha casa agora.
E eles foram. Raramente iam para a casa de Joe, para a casa deles. Simplesmente porque parecia estranho. Porque se fizessem isso, esqueceriam que não estavam casados mais. E não estavam prontos para sair do estágio de “namorados” ainda.


DEZ COMENT'S PARA O PROXIMO

11 comentários:

  1. ah eles vao assumir q estao juntos? *--* amei.. POSTA LOGOOOO

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  2. aaahh eu fui a 1ª? i liked hehe kkkkkkkkkkkk

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  3. Aaaaah eles estão juntos *-* Namoridos ?? kkkkk

    Beijos

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  4. aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah O JOE E A DEEMI TAO JUNTOS, QUE PERFEITOOOOOOOOOOOOOOOOOOO, haha eles podiam ser namoridos, seria legal se ele pedisse elaa em casamento de novo, ai podia aparecer uma mulher q ia seduzir o Joe e tal... POSTA LOGO

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  5. cap perfeito...

    lindo demais...

    OMG

    bjo bjo e posta logo

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  6. amo a sua historia...
    posta logo..

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  7. amo a sua historia...
    posta logo,por favor...

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  8. Que blog lindo! Comecei a ler agora, já li todos e amei! Parabéns! Você pode passar na minha fic só um pouquinho pra ver se gosta? Obrigada!

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