Capítulo Dezesseis
Junho, 2010
Demetria suspirou ao ver que sua menstruação tinha chegado novamente. Não deveria estar surpresa, não é como se estivesse tentando engravidar novamente. Mas cada vez que via o sangue, ela só conseguia pensar em como ela deveria estar grávida nesse exato momento. Com quantos meses ela estaria? Quase sete, pensou.
Não devia pensar nisso, essa era sua tática. Se não voltasse a pensar sobre o assunto, logo ela esqueceria. Sabia que era mentira, mas era o melhor que podia fazer. Tinha concordado com Joe que eles não poderiam se deixar levar pela tristeza. Estavam tentando.
Demetria admitia que não estavam tendo muito sucesso nisso, entretanto. Tinha dias que ela tinha certeza que Joseph estava a um passo de voltar a beber e, às vezes, ela só queria se juntar a ele. Era difícil conseguir forças para continuar enfrentando dia após dia, mas eles estavam fazendo isso juntos. E isso era o que importava. Se continuassem juntos, nada poderia abalá-los. Ou, pelo menos, quase nada.
Demi ouviu uma risada de criança e algumas vozes vindo do andar de baixo. Provavelmente Selena e Nick haviam chegado com Elle e Oliver, já que eles tinham combinado de almoçar juntos. Demetria respirou fundo antes de sair do banheiro, pronta para encarar mais um dia fingindo que tudo estava ótimo.
Tudo não estava nem perto de estar ótimo. Ainda estava tentando colocar sua vida nos trilhos e, quase sempre, era difícil demais. Mas estavam indo.
Setembro, 2010
Demetria abriu a porta para que Catherine entrasse rapidamente, mas a irmã simplesmente a entregou umas mil bolsas e empurrou o carrinho do filho para dentro de casa. Desculpou-se por não poder entrar, dizendo que estavam quase perdendo a reserva no restaurante, agradeceu por Demi cuidar de Noah naquela noite e depois voltou para o carro, onde Kevin a esperava.
Os dois sairíam naquela noite para comemorar seu segundo aniversário de casamento e deixaram Demi cuidando do filho. Catherine não queria, é claro, se dependesse dela levariam o filho para todos os lugares, mas Kevin insitira que Demetria podia cuidar dele por algumas horas. Era bom que Cath fosse se acostumando, já que eventualmente ela teria que voltar a trabalhar e não poderia ficar com o bebê o tempo inteiro.
Demetria empurrou o carrinho até a sala, deixando-o ao lado do sofá. Noah ainda estava dormindo, Demi esperava que ele acordasse logo, era melhor do que acordar só de madrugada. Ela se sentou no sofá, ligando a TV no mudo, com medo de acordá-lo e ficou apenas observando a criança por alguns minutos. Foi interrompida quando Joe desceu, descobrindo que Kevin e Catherine já tinham passado e ido embora, no intervalo de tempo em que tomava banho.
Não demorou muito tempo para que Noah acordasse e começasse a chorar. Pelas horas seguintes, Joseph e Demi entraram em uma rotina de pais, dando comida para o bebê, trocando a fralda, tentando fazer com que ele dormisse e o entretendo. Fazia muito tempo que não cuidavam de uma criança, não sozinhos, pelo menos. E, para falar a verdade, ambos estavam morrendo de medo.
Noah ainda era muito pequeno, com apenas seis meses, e fazia anos desde que os dois tiveram contato com um bebê dessa idade. É claro, eles sabiam o que fazer, não era tão complicado cuidar assim de uma criança por uma noite, o dilema interno que se passava era muito mais difícil de lidar.
Demi já tinha encontrado e segurado Noah muitas vezes antes, mas sempre com Catherine por perto, e a irmã nunca a deixava realmente cuidar dele. Fazer isso agora, fazia com que algo dentro de Demetria despertasse.
Se não tivesse sofrido um aborto, estaria perto de dar a luz. Era engraçado, porque faltavam apenas algumas semanas para o dia que seria o aniversário de oito anos de Stella. Já fazia alguns meses desde que perdera o bebê, ela já poderia engravidar novamente. Mas será que ela correria esse risco?
Ela sabia que podia ter outros filhos, a médica havia lhe explicado que o que tinha acontecido não tinha nada a ver com ela. Isso era óbvio, afinal ela já tinha tido uma filha, sabia que não tinha nada de errado com seu útero. Não sabia, entretanto, se não havia nada de errado com sua mente. Ela estava bem agora, quão bem ela poderia estar.
Ela estava se reerguendo, já se considerava feliz, hoje em dia. Ela costumava sair com Selena e com algumas de suas antigas amigas, às vezes assistia a alguns shows do McFly, frequentemente visitava Catherine e Kevin ou saíam para almoçar juntos. Ela e Joe eram felizes um com o outro, raramente ficava um clima sombrio na casa. Demetria gostava disso. Se ela tentasse engravidar novamente, poderia acabar sofrendo outro aborto, e, dessa vez, não tinha certeza se conseguiria aguentar.
Perder outro filho fora duro demais. Ela nunca aguentaria passar por isso pela terceira vez. Mas ver Noah se afagando no seu colo, puxando seu cabelo e balbuceando palavras inexistentes, fazia com que ela desejasse um bebê.
Ela podia adotar, já pensara nisso muitas vezes. Mas novamente vinha aquele pensamento em sua cabeça: que ela não era capaz de ter um filho. Ela queria provar a todos – queria provar a si mesma – que conseguiria ter um filho. Ela conseguiria ser mãe, apesar de todos os obstáculos.
Tudo o que precisava fazer era ter coragem. Coragem de tentar mais uma vez, a última vez. Talvez ela estivesse sendo estúpida, afinal o universo tinha deixado bem claro que não era seu destino ser mãe. Mas era seu sonho, e não se pode simplesmente desistir dos sonhos. É preciso ter esperança, porque enquanto a tivesse, seria tudo seria possível.
Demetria continuou pensando sobre o assunto até Catherine voltar para pegar Noah, que já estava dormindo quase profundamente. Ela agora tinha a certeza que queria tentar mais uma vez, apenas para ter certeza. Não iria colocar nenhuma espectativa, pelo menos não até a gravidez estar bem avançada, mas tentaria. Todavia, não sabia o que fazer com esse recém-adquirido conhecimento. Deveria falar com Joe ?
Ele fora um pouco oposto a última tentaiva de engravidar e veja no que aquilo havia dado. Ela duvidava que ele fosse ficar feliz com a ideia. Provavelmente acharia que aconteceria outro acidente. E que argumentos ela teria, afinal? Era verdade.
- Vamos lá para cima, querida, você está quase dormindo acordada – Joseph falou, cutucando Demetria para despertá-la de seus pensamentos.
- Não estou dormindo, estou pensando – Respondeu, ainda meio perdida, mas acabou levantando mesmo.
- Pensando no que? – Ele perguntou, enquanto seguia Demetria até o quarto.
Demetria não o respondeu até chegarem no quarto, fazendo com que Joseph franzisse o cenho, ficando curioso para saber sobre os pensamentos da esposa.
- Eu quero ter um bebê – Ela falou fazendo com que Joe parasse na entrada do quarto – Eu quero tentar de novo, Joseph .
- Agora? – Ele riu, se aproximando de Demi , fazendo com que ela apenas revirasse os olhos – Isso é sério, Demi ? Você não só ficou com saudades hoje por cuidar de Noah? – Ele falou, sentando-se na cama.
- É claro que é sério, Joe – Ela respondeu irritada – Eu venho pensando nisso há alguns dias. Eu quero ser mãe. Nós podíamos tentar só mais essa vez... Se eu não conseguir engravidar, nós podemos pensar em adoção. Por favor, Joe – Ela pediu, se aproximando do marido.
- Você tem certeza disso? – Ele suspirou – Demi , nós acabamos de passar por uma perda, não sei se estou pronto para outra.
- Não vai ter outra – Ela falou – Nós vamos no médico o tempo todo e fazer de tudo para que dê certo essa vez. E vai dar! Vamos, Joe , eu sei que você também quer – Demetria ficou apenas o encarando, até que Joe sorrisse e a puxasse mais para perto a beijando.
- Tem algo que eu preciso fazer antes de engravidar – Demetria disse, enquanto observava Joe quase dormindo, deitado ao seu lado na cama, ele apenas grunhiu como resposta, fazendo com que Demi o cutucasse para que ele abrisse os olhos – Eu preciso voltar para lá.
Isso fez com que ele acordasse um pouco, franzindo o cenho.
- Lá aonde?
- Califórnia – Respondeu – Eu preciso encarar aquela casa. Acho que nós dois precisamos.
- Essa é uma péssima ideia, Demi – Ele falou, perdendo o sono e sentando-se na cama – Nós não precisamos ir até lá. Nós já superamos isso, não é? Irmos até os Estados Unidos só vai servir para deixar-nos tristes e vai piorar tudo.
- Ótimo, então fique aqui você, eu vou até lá – Disse, estressada pela rejeição de Joe, mas em seguida completou: - É importante, Joe. Eu sinto que se não fizermos isso, nunca vamos nos despedir de verdade e vai ser como se Stella sempre assombrasse nossas vidas.
- Isso é ridículo – Falou, encerrando o assunto e deitando-se novamente.
Mas, no fundo, ele sabia que não era. E mesmo se fosse, era importante para Demi, então ele acabaria fazendo de qualquer forma. Não custava nada ir até lá. Talvez fosse um pouco doloroso, mas talvez valesse a pena. Eles precisavam se despedir. Eles precisavam, finalmente, começar a vida de verdade.
Joe fechou os olhos, dormindo imediatamente, quase como se fosse uma defesa de seu cérebro para que ele não pensasse mais sobre o assunto. Naquela noite, teve um de seus piores pesadelos há mais de um ano, sonhara com o acidente. Não era raro que ele tivesse pesadelos com aquele dia, mas os piores eram os que que eram tão reais que Joe precisava de alguns minutos para se acalmar depois de acordar, lembrando-se que isso já tinha acontecido há muito tempo. Já tinha acabado. Não tinha certeza se era reconfortante.
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Bom, meninas só não vou fazer maratona porque tenho que procurar outra história pra posta pra vocês. Como estou sem tempo esses meses nem continuei a escrever. Então estou apenas repostando. Me dem um tempinho que logo logo venho com outras historias e faço maratona pra vocês. Sabem que eu não sou de decepcionar vocês né?!? Bem pelo menos é o que eu penso!! Bjs e até mais
SEJAM BEM VINDAS AS NOVAS SEGUIDORAS!! =D pOR FAVOR NÃO SUMAM VIU!! ;)