But it’s all just the same in the end of the day.
Acordei com uma dor de cabeça terrível, o que fez com que eu quase me atrasasse. Cheguei praticamente tropeçando em meus pés ao aeroporto de Heathrow, implorando pra achar os meninos logo. As filas dos balcões estavam extremamente lotadas de carrinhos com bagagens e pessoas conversando. Meus olhos percorriam todos os balcões, mas não conseguiam encontrar nenhum rosto familiar. Escutei meu celular, que, mais escandaloso do que nunca, tocava Sober, da Pink. Notei que todas as pessoas me olhavam de soslaio enquanto eu travava uma batalha com minha bolsa imensa. Quando finalmente achei o bendito, a pessoa desistiu da ligação.
- Puta que pariu. – murmurei, olhando pra tela do aparelho. Então ouvi uma voz conhecida soar atrás do mesmo.
- Você tá no terminal errado, Lovato. – Joseph, com sua expressão desdenhosa, me comunicou.
- Eu percebi, tava tentando ver quem estava me ligando, só isso. – retruquei, dando de ombros. – A propósito, Jonas, veio me procurar, é? – arquei uma sobrancelha e dei um sorriso enviesado, ajeitando a alça da bolsa sobre o ombro e marchando em direção ao lado contrário do andar com meu sarcófago – lê-se mala.
- Eles me mandaram. – ríspido, ele respondeu. Notei que andava em passos rápidos, me acompanhando.
- E faz muito sentido te mandarem... A única pessoa com quem eu não queria estar conversando. – pensei alto, revirando os olhos. Logo avistei os outros 8 na fila.
- E faz muito sentido você continuar puxando assunto, a pessoa que “mais me despreza no mundo”. – Joe imitou minha voz, anasalando a sua. Revirei os olhos, direcionando meu olhar para seu rosto.
- Educação, Jonas, conhece? – lancei-lhe uma piscadela e fui de encontro ao grupo, que preenchia a fila de check-in.
- 27 A... – pensei alto enquanto procurava o número dentro do avião. Pelo que eu tinha entendido até o momento, a arrumação ficaria divida em casais, só que eu e My ficaríamos juntas, e Joe e Liam também. Avistei minha poltrona e sentei na poltrona da janela. O vôo estava praticamente vazio, logo, deduzi que ninguém se incomodaria se eu trocasse meu assento.
Sem dúvidas éramos o grupo mais barulhento daquele avião. Ocupávamos praticamente uma fila horizontal: eu, um lugar vago e Miley; Kevin, Dani, um lugar vazio, Nicholas e Selena; Chel, James e outro lugar vazio; e Joseph e Liam na fileira da frente.
Como eu fui a primeira do nosso grupo a entrar, me acomodei em meu canto, dobrando minhas pernas e as encostando ao assento da frente, de modo que meus pés balançassem e eu ficasse desajeitada. Observei a telinha do banco da frente ligar e desligar várias vezes, como um método de teste, eu acreditei.
Pouco a pouco os lugares foram preenchidos e notei que a única pessoa que ainda não tinha passado era Joe. Franzi meu cenho, me perguntando onde diabos ele estaria. Não que eu me importasse, só queria saber o motivo do atraso.
- Demi... – a voz melodiosa de My soou ao meu lado. Murmurei um “hum” em resposta. – Código vermelho. – imediatamente endireitei minha postura, vendo Jonas tomar o assento ao lado do dela.
Porra.
- Pergunta ao ser do seu lado por que ele não está em outra fileira com o Liam. – falei entre os dentes, ouvindo a pergunta ser feita.
- Porque precisa ser maior de 21 pra ficar no canto que a gente ia ficar por causa das portas de emergência, e aí nos moveram pra cá. – Ah tá! Com tantos outros lugares pra eles sentarem, logo do nosso lado! Olhei de soslaio pra My, que fazia o mesmo. Balancei a cabeça negativamente, vendo-a rir em silêncio.
São somente 60 pequenos e demorados minutinhos, Demetria.
15 minutos depois da decolagem, a bexiga maravilhosa de Miley resolveu fazer um chamado, e eu fui abandonada a uma cadeira de distância daquele energúmeno. Olhei para o lado rapidamente para matar minha curiosidade e ver o que ele estava fazendo, vendo que o mesmo estava preenchendo o lugar ao meu lado.
- O que você pensa que tá fazendo, Joseph? – tirei um dos meus fones de ouvido, queimando sob seu olhar ao fazer isso.
- Ela vai ao banheiro mais umas 3 vezes se a conheço, melhor deixar o caminho livre. – desci minha cabeça, mirando sua face com uma expressão de desgosto.
- E prefere ficar ao meu lado a encolher as pernas três vezes? Uau, assim casaremos até o fim do vôo se ela resolver se recostar no seu ombro. – transbordei o sarcasmo, imediatamente e movendo minha cabeça na direção da janela, observando o canal da mancha. Ouvi uma risadinha vinda dele e o olhei, entediada.
- Lembrei da ida pra Paris, quando eu peguei o seu fone de ouvido. – revirei os olhos automaticamente, tornando a olhar a janelinha. Soltei um suspiro involuntário, lembrando daquele dia também. Apreendi o fone que estava fora do meu ouvido com a palma da mão e o apertei, deixando-o colado ao meu peito.
“Well I can't explain why it's not enough, ‘cause I gave it all to you.
Bem, não consigo explicar por que isso não é sufuciente, porque eu te dei tudo
And if you leave me now, oh just leave me now.
E se você me deixar agora, apenas me deixe agora
It's the better thing to do,
É a melhor coisa a fazer
It's time to surrender,
É tempo de se render
It's been to long pretending.
Foi muito tempo fingindo
There's no use in trying,
Não há mais utilidade continuar tentando
When the pieces don't fit here anymore, pieces don't fit here anymore.
Quando os pedaços não se encaixam mais, pedaços não se encaixam mais.”
- Você é uma vadia. – murmurei pra My quando descemos do avião e Jonas não se encontrava mais ao meu lado.
- E você queria o quê? Que eu mijasse numa garrafinha e desse pra aeromoça jogar no lixo? – olhei em seus olhos, como se confirmasse. – Ah, vai se foder! Eu não tenho um pinto pra fazer isso. Encomenda um que eu não levanto mais. – ela riu, me fazendo rir também. – E vocês nem devem ter conversado, se eu conheço as figuras.
- Não propriamente, mas ele me lembrou da viagem de Paris, quando escutamos músicas juntos. Não foi legal. – suspirei, avistando minha mala na esteira. Fiz um esforço para puxá-la, mas tudo o que consegui foi ir com tudo pro chão. Escutei umas risadas ao fundo, começando a rir também.
- Eu te ajudo. – um rapaz murmurou, me estendendo a mão para levantar.
- Obrigada. – agradeci com um sorriso ao homem. Franzi o cenho ao observar seu perfil; o conhecia de algum lugar. Enquanto via minha mala ser posta à minha frente, lembrei. – Você trabalha numa loja de música? – perguntei. Finalmente o rapaz olhou para o meu rosto, sorrindo, simpático.
- Sim. Você é a menina da Gibson Les Paul, certo? – confirmei com a cabeça. – Vejo que tão cedo na vai comprar... por causa da viagem. Quer dizer, não que você seja pobre nem nada, mas... – ele começou a se enrolar. Ri suavemente.
- Eu entendi, ok? E realmente não vou comprar tão cedo, mas é bom saber que aquela coisa linda vai esperar por mim na loja. – comentei, percebendo a ambigüidade da frase. – Quer dizer, a coisa linda é a guitarra. Não que você seja feio, porque você não é, mas você entendeu o eu quis dizer, certo? – vômito de palavras: show. O rapaz riu do mesmo jeito que eu fiz, concordando com a cabeça.
- Hum... vai ficar em Amsterdã ou vai pra outra cidade? – ele indagou, botando as mãos nos bolsos da frente da calça.
- Acho que fico na capital mesmo. E você? – enfiei minhas mãos nos bolsos traseiros da minha calça.
- Também. Vou ficar na casa de um amigo, perto dos moinhos... – murmurei um “ah sim” em resposta, ouvindo meu nome ser chamado por James.
- Bom, tenho que ir. Nos esbarramos por aí. – sorri e virei as costas, puxando minha mala com dificuldade até o desembarque. “Nos esbarramos por aí.”? Eu podia ter falado algo melhor... Droga. Olhei para o lado e vi Jonas descruzar os braços, relaxando a expressão curiosa. Balancei a cabeça negativamente, olhando para o chão enquanto deslizava minha mala pelo chão do aeroporto.
Uma palavra: fodeu. Já era a quinta vez que eu via a mesma casa, não era possível estarmos mais perto do que à três voltas atrás. Kevin e seu dicionário de bolso tentavam se comunicar com o velho holandês que tava nos guiando. Com o adicional de que o outro táxi, que deveria estar nos seguindo, sumiu do mapa.
- Kevin , pergunta se ele fala inglês. – então o velho, que me olhava pelo retrovisor, sorriu.
- Claro que sim, minha jovem. – então todos olharam para mim com expressões agradecidas. – Sinceramente, se vocês dependessem desse dicionário de bolso, iam morrer de fome. – ele riu, fazendo com que Kevin cruzasse os braços em uma expressão frustrada. – O hotel é na próxima esquina. – então comecei a olhar ao redor. As ruas, perfeitamente limpas, abrigavam bicicletas e mais bicicletas. Sorri para o nada, vendo um letreiro com o logo do hotel se aproximar.
- Chegamos. – o taxista anunciou em inglês. Descemos e pegamos nossas malas, rumando para a entrada do hotel, que não era grande coisa, mas parecia ser arrumadinho.
Adentrei a recepção, toda em madeira escura envernizada e com cheiro de mofo, ficando arrepiada instantaneamente. Alguém me diz que os quartos não têm esse cheiro, por favor?
- Boa tarde. – com um sotaque forte, uma senhora apareceu por trás do balcão.
- Boa tarde. – respondi, vendo, pela porta de vidro, os outros terminarem de tirar as malas do lado de fora. – Assumo que você fala inglês, certo? – indaguei, vendo-a concordar com a cabeça. - Nós temos 5 reservas para hoje no nome de Chelsea Jonas. – então a velha começou a olhar num caderno, acenando com a cabeça positivamente. Todo mundo havia chegado à abafada recepção.
- Vou mostrar os quartos. Sigam-me. – então ela tomou as rédeas e foi subindo as escadas vagarosamente, o que fez Jonas, que estava atrás de mim na escada, soltar piadinhas. Não controlei uma risada, o que fez a senhora me olhar com os olhos semicerrados. – Os quartos dois, quatro, sete, oito e nove são de vocês. – comprimi os lábios para não gargalhar com outra piadinha que James tinha soltado.
- Olha a falta de respeito! – Dani deu um tapa estalado no ombro de Kevin, fazendo Liam gargalhar.
- Tadinho do menino! Assim não sobra Kevinzinho pra noite, poxa! – James brincou, fazendo Dani o olhar de forma repressora. – Tá bom! Não tá aqui quem falou! – ele levantou as mãos em sinal de inocência, provocando mais risadas.
Meu quarto era, em uma palavra, razoável. Tinha uma janela que dava para uma parede de concreto já verde de tantos liquens e musgos. Nojento.
Uma cama de casal, forrada com um edredon incrivelmente macio, ocupava o centro da parede da direita, que era pintada de vermelho, enquanto a porta de madeira, que rangia quando aberta, do banheiro, que era incrivelmente apertado, ocupava a esquerda. Um mínimo espaço com uma barra preta de metal – que foi chamada de armário - ocupava a parede oposta à porta, e foi ali onde deixamos as malas.
Joguei meu corpo sonolento na cama, respirando fundo e sentindo os ácaros penetrarem meu cérebro. Outra palavra: alergia.
- My, você trouxe algum lençol? – perguntei na ilusão de ter amigos prevenidos. Vi-a negar com a cabeça e então saí quarto afora para perguntar para os outros. Bati na porta do quarto que eu acreditava ser o de Jimmy pela voz estridente que saía da porta; Chel.
- Entra! – murmurou do lado de dentro. Girei a maçaneta, me deparando com um carpete três vezes mais feio do que o do meu quarto – era azul petróleo. A cama em madeira escura até combinaria com o chão, mas os lençóis em tons alaranjados faziam o quarto ser o pesadelo de qualquer designer.
- Alguma chance de vocês terem um lençol extra? – indaguei, acrescentando um sorrisinho ao fim da pergunta.
- Não, também tava querendo... E também tô sentindo que ninguém trouxe. – ela respondeu enquanto empurrava a mala de James para o outro canto, o que faria o quarto ficar mais apertado.
- O que você tá fazendo? – ouvi minha voz questionar.
- Feng shui. – ela respondeu. Ri suavemente enquanto fechava a porta.
Segui até o fim do corredor, batendo no último quarto. abriu a porta, não me deixando falar.
- Diz que você algum travesseiro extra! – apertei os olhos em sinal de interrogação. – O meu tá com um cheiro muito... peculiar. Se é que me entende, e nosso quarto tem uma bolha imensa no teto de infiltração! – gargalhei com a expressão desesperada dele. Vi Jonas se aproximar da porta.
- Ah, é você. – ele me olhou com desdém, virando as costas e entrando no banheiro. Revirei meus olhos, voltando a falar com Liam.
- Tudo o que eu tenho é um travesseiro de pescoço pro avião. Serve? – não contive outra risada ao vê-lo confirmar veemente com a cabeça. – Já vou pegar. Mas me responde, você tem um lençol extra? – repeti a questão pela terceira vez. Ele pensou por um tempo, adentrando o quarto rapidamente e voltando com um lençol azul em mãos. Peguei o bendito e acabei abraçando Liam de tanta felicidade. – Brigada.
- Por nada. Olha só, eu vou tomar um banho agora porque não deu tempo antes de sair de casa. – ele riu e continuou: - Quando eu acabar, eu dou uma chegada lá no seu quarto, ok? – confirmei com a cabeça, saltitando até a minha porta com um lençol limpo em mãos.
- CONSEGUI! – gritei quando avistei minha companheira de quarto. E então me joguei na cama, em cima do lençol, sendo invadida imediatamente pelo perfume de Jonas.
Porra. Logo agora que tinha conseguido o bendito!
E pro inferno também! Eu dormiria embalada naquela essência se essa fosse a minha única alternativa. Além do mais, esse parecia ser o único jeito de conseguir o fazer sem me machucar.
Meu deus é tão perfeito eu amo tanto, posta logo <3
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