QUANDO
Demi pegou o trem de volta para Oakland, e a seguir o ônibus até o apartamento,
já estava na hora de levar TIM ao medico.
O
doutor confirmou o que ela já sabia: Tim estava com infecção no ouvido e tinha
garganta inflamada também.
-
Acha que teremos de nos preparar para a cirurgia - disse o doutor - Telefone quendo ele estiver bem, e marcamos
para dali a algumas semanas.
Demi
concordou, embora se sentisse frustrada, pois estava consciência de que não
podia adiar mais o telefonema para seus pais na Geórgia. Não tinha duvidas de
que eles lhe mandariam dinheiro. O que temia eram as exigências que viriam
juntas, as cordas com que eles a atacariam. E se o chefe cumprisse as ameaças,
ela teria de pensar em conseguir outro emprego. A magia do Dr. Golding estava
começando a passar.
Mãe
e filho pararam na farmácia da clinica e aviaram a receita, depois pegaram o
ônibus de volta para o apartamento. O ponto ficava a alguns quarteirões de
casa; Demi segurava Tim pela mão enquanto subia os degraus até a calçada. Ele
caminhava mais devagar do que na ida a cidade.
-
Esta se sentindo mal de novo, amigão?
Tim
so afirmou com a cabeça, sem responder.
-
Aqui, monte no cavalinho.
Demi
se ajoelhou para que Tim subisse nas suas costas. Ela se ajeitou até conseguir
segurar direito as pernas do menino e o levou até a porta do edifício Embarcadero
Arms, onde o colocou no chão. Alguém tinha deixado a porta aberta de novo,
escorada por um tijolo.
O
prédio era de uma casa vitoriana, gigantesca e velha, que tinha sido dividida em cinco apartamentos. No saguão de
entrada havia caixas de correspondência e uma escada que levaria direto ao
segundo andar. Sem elevador. Após verificar suas correspondências, Demi passou
em silencio pela porta do Sr. Jacobsen. O passatempo dele era reclamar do
barulho dos vizinhos, sobretudo sempre que Tim brincava com o velocípede no
apartamento ou ficava muito agitado e começava a correr.
Ela sentiu uma pontada de tristeza ao pensar que seu filho não tinha uma casa melhor, um lugar mais seguro para brincar. O quintal dos fundos do prédio estava coberto de mato. Demi tinha medo de deixar Tim brincar lá desde que vira os cães pitbull do vizinho correndo soltos; percebeu que poderia passar por entre as tabuas que faltavam na cerca. O lado pobre da cidade ao era um bom lugar para criar um filho.
Tentou repelir tais pensamentos e sorrir para Tim enquanto subiam a escada. As bochechas dele ainda eram rechonchudas como as de um bebê. Seu cabelo, cortado como a de um indiozinho, balançava quando ele andava. Era um menino doce, mas estava crescendo. Faria cinco anos no outono.
Tim sorriu de volta pra ela, com as bochechas vermelhas e redondas como pequenas maças, e os olhos franzidos até quase se cerrarem atrás dos óculos. Em breve precisaria de outro exame de vista e óculos novos. Demi sentiu mais uma pontada de angustia e desejou poder fazer alguma coisa por Tim sem precisar ficar sempre contando centavos.
Talvez devesse voltar para Geórgia. Não amava Bobby Semple, seu namorado do segundo grau, mas sabia que ele continuava a esperar por ela. Pelo menos Tim teria um pai e uma casa decente.
Subiram o ultimo lance de escadas e atravessaram o corredor até o apartamento no segundo andar. Demi lutou com a fechadura, que estava emperrada. Forçou a lingueta como cartão de plástico do Safeway Club, com o qual obtinha descontos naquela rede de supermercados populares, e ficou forçando a porta para frente e para trás, até que enfim se abriu. Quando pegou o cartão, percebeu marcas no portal, como se um dia alguém tivesse aberto a porta com um pé-de-cabra.
Depois de acomodar Tim no sofá, passou a meia hora seguinte preparando o jantar para os dois- mais sopa de macarrão com frango e purê de batata, porque a garganta de Tim ainda doía. Como ele estava muito doente para ir à creche no dia seguinte, Demi teria de pedir a Sra. Weaver para cuidar dele novamente.
- Vamos ler três ou quatro livros. – propôs Tim.
Leram os prediletos do garoto: Sirene na noite, O carteiro e o porquinho e A camisa vermelha. Eram 8:00h quando ela terminou de lavar os pratos e o levou para cama.
Demi tomou dois comprimidos de analgésicos e se deitou no sofá, ajeitando a almofada atrás da cabeça. O rosto do Dr. Golding lhe veio a mente. Ele tinha os olhos apertados de preocupação, e aquele ar que a fizera sentir que poderia confiar nele. Repassou os acontecimentos da manha e recordou-se de como ele passara as mãos pelos cabelos curtos e pretos de vez em quando, como se estivesse frustrado por causa dela. Relaxou e adormeceu.
O telefone a arrancou de seus sonhos e fez seu coração martelar. Pensou em deixa-lo tocar, mas não queria acordar Tim. Atendeu ao quarto toque.
- Porque demorou tanto? Fiquei sentada aqui a tarde inteira – ralhou Selena, preenchendo o silencio da sala mesmo pelo telefone. – E então?
-Então o quê?
-Bem, como foi?
-Foi bem.
Demi percebeu que não queria contar nada a Selena sobre o Dr. Golding. Alguma coisa no modo como havia aberto o coração, no jeito terno com que ele a escutara parecia intima demais para compartilhar com Selena. Com qualquer pessoa.
-Então conte! –Selena exigiu.
-Não a nada pra contar. Só falei das coisas que estavam me incomodando.
- E o que ele disse?
Agora que pensava a respeito, Demi se deu conta de que na verdade ele não tinha dito nada. Mas não poderia contar isso. E, mesmo se tentasse, não conseguiria expressar o conforto de ter o Dr. Golding, tão firme e gentil, sentado a poucos centímetros de distancia enquanto chorava.
-Bem... Falou um monte de coisas. – intimamente, ela chamou a si mesmo de mentirosa.
-O quê, por exemplo? Conte!
- Não sei Selena. Meu Deus, você deveria procura-lo. Eu me sinto mal por você ter paga pra mim, em vez de ter ido você mesma. – Selena fizera questão de dizer a Demi que estava adiando seis segundo recondicionamento de vida para que Demi pudesse ter o dela primeiro.
- Não seja boba. Eu quis fazer isso por você. Vou de novo ao mês que vem.
Demi teve pensamento fugaz de que, se o recondicionamento de 21 dias cumpria o prometido, não seria preciso ir mais de uma vez, mas decidiu não dividir esse pensamento com Selena. Em vez disso, tentou encerrar rapidamente a conversa.
-Bom, de qualquer modo, foi bom. Bom de verdade.
-Ótimo. Então você fico feliz por ter ido.
Demi balançou a cabeça, cansada. Selena era assim. Sempre que fazia alguma boa ação, queria que você agradecesse repetidamente.
- Estou feliz, Selena. De verdade. Obrigada de novo.
- Talvez agora você consiga alguma perspectiva em relação a voltar para a Geórgia. Quero dizer, você poderia se dar bem lá.
Selena vivia dizendo a Demi que ela deveria pintar, voltar para a escola ou trabalhar o suficiente para realizar uma exposição.
Havia algumas coisas que Selena não entendia, pois não tinha filhos e também não conhecia muito cobre arte. Demi não podia simplesmente se sentar a cada cinco minutos de folga e pintar. Era preciso ter um espaço. Um espaço em casa, coisas que Demi na verdade não tinha, e na vida, coisa que Demi definitivamente não tinha.
- Você esta apaixonada?- Selena era o tipo de mulher com pendor para se encantar com terapeutas masculinos.
- Não, não estou- disse Demi, exausta, mas sentiu um pequeno ardor na face ao se recordar do Dr. Golding a ouvi-la chorar.
- Ele não é bonito? Certas pergunta que ele me fez foram muito fortes. Eu achei que ia morrer.
Demi viu mais uma vez o rosto do Dr. Golding a sua frente e, de algum modo, não gostou do caminho que a conversa estava tomando.
Felizmente, Sel continuou, sem esperar a resposta:
- Ele falo sobre regressão hipnótica?
- Não. Talvez fale disso mais tarde.
- Disse alguma coisa sobre celebrar sua individualidade essencial? É sobre isso que vai ser o novo livro dele.
- Não. Não disse. – a cabeça de Demi recomeçou a latejar. Selena preparava outra rodada de perguntas quando ela a interrompeu: - Preciso desligar Selena. Estou exausta.
Selena costumava ficar furiosa quando Demi queria desligar antes dela considerar a conversa terminada, mas, dessa vez isso não ocorrer:
-Ah, meu Deus, claro. Você deve estar exausta. A terapia faz isso. É uma coisa muito intensa.
Demi se despediu, desligou o telefone e foi para a cozinha preparar o almoço do dia seguinte. Por fim, caiu na cama, pensando na ultima coisa que Selena tinha dito.
E percebeu que, provavelmente pela primeira vez desde que se tinham tornado amigas, as duas estavam em pleno acordo.
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Desculpem a demora. Mesmo sem comentários estou postando... "/
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirestá muito bom,cada dia vc me surpreende viu?posta logo
ResponderExcluirHoooy honey :3
ResponderExcluirAcabei de ler os capítulos perdidos u.u
Geente, tá perfeito!
Tadinha da Demi! Cara, o mundo caindo sobre ela e ela só encontra com o suposto "Dr. Golding", que na verdade é o Joe enquanto o verdadeiro tá sofrendo um HEART ATTACK hahaha'
Tadiinho do Tim gente, imagino a coisa fofa que ele seria, cheio de problemas =p
Eu acho que a Demz devia se abrir com a Sel, sei lá, talvez ajudasse =p
Pooste logo, honey!
E não ache que está sozinha, fiquei uns dias sem ler, mas vou estar aqui, ook?
Beeijos! <3
Aah, não sei se você leu um comentário que fiz dia 10, mas deixei um selinho pra vooc no meu blog, e tbm sinto sua falta, viiu?? *--*
olha eu aki... agora q vi q tinha maratona, sorry por esquecer d checar.. mas to amando ler essa fic mesmo.. posta mais pleaseee
ResponderExcluirSelinho pra você no meu blog
ResponderExcluirhttp://jemimylife.blogspot.com.br/2013/07/selinhos.html
bjus :**