Why do you make me cry and try to justify?
Esses últimos 3 dias foram estranhos. Anne não estava aqui para escutar
meus desabafos, Nick estava estranho, Cameron e Martha haviam brigado,
e, bem, Timmy e eu continuamos os mesmos.
Todos estávamos no quarto de Ann, que havia acabado de chegar de viagem,
jogando conversa fora. Eu estava abraçada a Timmy, que acariciava meus
cabelos; Ann estava sentada entre as pernas de Nick; e Came e Martha
estavam muito distantes um do outro. E eu ainda não sabia por que eles
haviam brigado.
-Vou ao banheiro. – falei e me levantei, indo para o banheiro. Antes de
sair do cômodo, lancei um olhar à Ann, como se pedisse para ela me
seguir.
Dois segundos após eu sair do quarto, Anne veio atrás.
-Fale, Demi. – parei no meio do corredor em frente ao quarto dela e me apoiei na parede.
-Eu queria saber por que você foi fria na nossa última conversa de telefone. – disse, a encarando.
-Você sabe.
-Não sei, cara.
-Demetria, olha só, você pode ser minha amiga, mas não se esqueça de que o Timmy também é. Eu só quero o bem de vocês dois.
-Aonde você quer chegar com isso?
-Eu quero chegar na parte em que você pensa no Joe quando está com o Tim. Porra, Demetria, o menino te ama e você fica iludindo ele. Não é justo! – Ann exclamou.
-E VOCÊ QUER QUE EU FAÇA O QUÊ? – me exaltei. Então notei que estávamos
razoavelmente perto quarto e eu desci o tom de voz. – Você quer que eu
simplesmente vire para ele e fale que eu não posso mais ficar com ele,
embora eu já tenha gastado mais de 1 semana?
-Usando-o? – ela completou.
-Eu não colocaria nessas palavras.
-Nessas palavras fica mais claro de você entender a gravidade, Demetria. – eu me odiava e isso era um fato.
-E também faz eu me sentir uma merda.
-Igual ao Joseph? Por um lado... – estávamos com expressões sérias. Eu
realmente não acreditava no que ela havia acabado de falar. Mas se eu
analisasse, era verdade.
-Eu vou fazer o que é certo.
-Só espero que não vá fazer tarde demais. - a seriedade descansou um pouco e um sorriso maternal tomou os lábios de Anne.
-Não irei, Ann. – dei um sorriso frouxo e tornei a entrar no quarto,
onde um clima tenso estava instalado, devido ao fato de Cameron e Martha
estarem brigados. Sentei-me ao lado de Tim, que não se manifestou.
Começamos a falar sobre a vida de alguma celebridade e as horas se
passaram.
-Acho melhor irmos nos arrumar, gente. – Nick afirmou e todos nos levantamos.
-CACETE! O pessoal de Londres ‘tá vindo! Vou correr pra me arrumar.
Beijos. - joguei beijos no ar e saí correndo para minha casa.
Assim que cheguei à porta de casa, vi, para minha surpresa, o carro do meu pai estacionado.
-Pai? – perguntei enquanto entrava em casa.
-Oi, filha. Eu consegui sair mais cedo hoje.
-Ah, sim. – o abracei e ele deu um beijo em minha testa. – Pai, você sabe que é hoje que meus amigos de Londres vêm aí, né?
-Sei. São quantos mesmo?
-Hum... – fiz as contas. – 9. – meu pai, que havia acabado de colocar um gole d’água na boca, cuspiu.
-9? Cabe tudo isso no seu quarto?
-Eles não vão dormir, pai. Eles estão vindo para a festa que vai ter aqui. – ele respirou aliviado e eu ri.
-Tudo bem.
-Por falar em festa, eu tenho que correr! – subi as escadas de forma
apressada, quase tropeçando no último degrau da escada. Escutei meu pai
gargalhar.
Entrei no chuveiro na velocidade da luz. Segundo minhas contas, em menos
de uma hora eles estariam chegando. Assim que saí do banho, olhei para o
relógio. 19:15. Ainda dava tempo para me arrumar. A festa tinha
acabado de começar.
Depois de corrigir as olheiras, eu passei um gloss. Eu não gostava de me maquiar muito, me sentia como uma Drag Queen.
Pelo fato da festa ser a fantasia, tive que pegar uma emprestada de Ann.
Festas a fantasia não me traziam boas recordações, não mesmo. Mas eu
tinha que superar isso, e isso era um fato.
Voltando à fantasia... Eu tinha pegado uma de dançarina de cabaré, era
um vestido decotado com uma fenda enorme na perna esquerda. Sem dúvidas,
aquela fantasia ficaria melhor em Anne, mas era isso ou coelhinha da
Playboy, que é a fantasia dela. Martha iria de Pocahontas, para combinar
com seus cabelos longos e negros.
O ponto de encontro pré-festa era na minha casa. Logo, eu teria uma
opinião a respeito da fantasia antes de entrar no ambiente da festa.
Assim que consegui entrar no vestido, liguei o rádio e comecei a procurar minhas sandálias. Ann entrou assim que uma outra música começou a tocar.
-Se liga na letra, Demi. – murmurei um “ok” e voltei a calçar as sandálias prestando atenção na música.
“Breathe you out, breathe you in
(“Te esqueço, e volto a pensar em você)
You keep coming back to tell me
(Você continua voltando para me dizer)
You're the one who could have been
(Que você é o único que poderia ter sido)
And my eyes, see it all so clear
(E meus olhos enxergam tudo claramente)
It was long ago and far away
(Isso foi há muito tempo e muito longe)
But it never disappears”
(Mas nunca desaparece.”)
Apoiei meus cotovelos sobre meus joelhos e arqueei uma das sobrancelhas.
“I try to put it in the past
(“Tento deixar isso no passado)
Hold on to myself and don't look back... ”
(Confiar em mim e não olhar para trás...”)
Olhei para Anne, espantada.
-Ainda tem mais... – ela falou após rir ao ver minha expressão.
“I don't wanna dream about
(“Eu não quero sonhar com)
All the things that never were
(Todas as coisas que nunca aconteceram)
And maybe I can live without
(E talvez eu possa viver sem isso)
When I'm out from under
(Quando eu ficar melhor)
I don't wanna feel the pain
(Eu não quero sentir a dor)
What good would it do me now?
(Que bem isso me faria agora?)
I'll get it all figured out
(Eu saberei de tudo)
When I'm out from under.”
(Quando eu ficar melhor.”)
Suspirei pesadamente e deixei minha testa encostada nas palmas de minhas mãos. Mordi meu lábio inferior. SEMPRE ELE.
So let me go, just let me fly away
(Então, me deixe partir, apenas me deixe voar para longe)
Let me feel the space between us, growing deeper
(Deixe-me sentir o espaço entre nós, crescendo de maneira profunda)
And much darker everyday
(E mais escura a cada dia)
Watch me now and I'll be someone new
(Veja só, eu serei uma nova pessoa)
My heart will be unbroken, it will open up
(Meu coração não estará mais ferido, E se abrirá pra )
For everyone but you”
(Qualquer um, menos para você.”)
Martha entrou no quarto, fazendo-nos perder a concentração na letra.
Sacudi minha cabeça delicadamente e suspirei novamente. A Pocahontas
arqueou uma das sobrancelhas. Ann falou que não era nada demais.
-Assustador, não? – Anne perguntou a mim. Ainda com uma expressão aterrorizada, concordei com a cabeça, fazendo-a rir.
-De qualquer jeito, é melhor fazer como ela, deixar meu coração se abrir
para qualquer um, menos ele. Certo? – Ann sorriu, concordando.
-Do que vocês tão falando? – Martha perguntou. Nós rimos e respondemos “nada” em uníssono. – Certo... Então, todas prontas?
-Eu já tô. Ann?
-Também. Mas e o pessoal de Londres?
-Eu falei pra uma das minhas amigas pra elas me encontrarem lá. Acho que
se todos viessem pra cá, meu quarto iria virar uma zona. Eles já devem
estar lá. – meu celular tocou. “Chelsea” estava escrito no visor. Atendi.
-Fale, Jonas fêmea.
-Demi, a gente já ‘tá aqui. Cadê tu, mulher? – ela gritava, já que tinha muito barulho por perto.
-Tô saindo de casa agora. Beijos. – Chelsea desligou antes de me
responder. Joguei o celular na cama e levantei. – Como estou? –
perguntei colocando as mãos na cintura e fazendo uma cara sexy.
-Gata. – elas riram. Olhei para a fantasia de Ann. Fato que todos iriam
olhar para ela, e somente ela. Martha estava bonita, mas ela não tinha o
corpo de Anne.
-Vocês também estão, meus amores. – sorri e saímos do meu quarto.
-GATINHA! – Dani gritou assim que me avistou. Olhei para ela e sorri. Daniella usava uma fantasia de hippie.
-JANIS JOPLIN! – brinquei. Rimos e logo avistei as outras meninas e, claro, os meninos. Liam, Kevin e Nicholas estavam vestidos de três mosqueteiros; James, de James Bond; e Joe, de Zorro. Selena e My estavam de gêmeas; e Chelsea estava de Emily Rose.
Timmy, Came e Nick apareceram segundos depois. E, por incrível que
pareça, Tim não falou comigo. Franzi minha testa e passei a pensar sobre
o assunto... O que eu teria feito a ele?
Evidente era a forma como os meninos olhavam para o corpo de Anne, que
era agarrada por Nick de 15 em 15 segundos. Eu me divertia vendo os
olhares que Nick lançava a qualquer um que se atrevesse a secar Ann. Eu
queria que alguém fosse assim comigo. Ou que eu, pelo menos, fosse tão
olhada quanto Anne. Se minha mãe escutasse isso, com certeza, falaria
que eu sou uma tola por pensar assim. Mas é assim que as coisas são, não
é?
Por falar em olhar, tentei não olhar para Joe, que parecia pensativo. Ele não parava de encarar o nada, como se estivesse bolando algum plano.
Sacudi minha cabeça ligeiramente e procurei por meu consolo, (nossa,
como essas palavras soam estranhas.), mas me lembrei de que nem ele
queria olhar para mim, e eu não fazia idéia do porquê disso.
Tocava “Heartless”. Todos estávamos dançando. Cameron e Timmy foram chamados novamente por uns meninos desconhecidos.
“How could you be so
(“Como você pode ser tão)
Cold as the winter wind when it breeze yo
(Fria como o vento do inverno quando venta em você)
Just remember that you talking to me yo
(Só se lembre que você falou comigo)
You need to watch the way you talking to me yo”
(Você devia ver o jeito que falou comigo”)
Pensei em Timmy e me senti pior ainda. Eu estava o usando e isso era um
fato. Eu não tinha o direito de fazer isso, mas também não tinha como
prever que tudo iria ser assim. Eu teria evitado, caso eu soubesse, eu
teria.
“I mean after all the things that we been through
(“Digo, após todas as coisas que nós já passamos)
I mean after all the things we got into
(Digo, após todas as coisas que nós já nos metemos)
and yo I know some things that you aint told me
(E você sabe que eu sei algumas coisas que você não me contou)
Ayo I did some things but thats the old me
(Eu fiz algumas coisas, mas esse é meu velho “eu”)
And now you wanna pay me back
(E agora você quer me dar o troco)
You gon' show me
(Você quer me mostrar)
so you walk round like you don't know me
(Então você anda por aí como se não me conhecesse)
You got them new friends”
(Você tem esses novos amigos”)
Meu pensamento foi diretamente para Joe. Incrível como tudo o que eu fazia me levava diretamente a ele. Joseph
Jonas era como uma substância nociva e viciante. Do tipo que você deve
odiar, o que acaba te fazendo ficar com mais vontade ainda.
“But at the end it’s still so lonely”
(“Mas no final das contas ainda me sinto sozinho”)
Verdade. No fim, eu continuava sozinha. Eu e meus pensamentos covardes.
Eu e meus medos bobos. Eu e minhas lembranças. Eu e meus traumas. Eu e
minha vida.
Em pensar que se eu tivesse mudado o curso das coisas há alguns anos,
nada disso estaria acontecendo. Eu não seria uma idiota apaixonada por
um babaca. Eu não seria uma sem-coração que usa um menino para esquecer o
outro.
-Demi? – Sel estalou os dedos na minha frente. Despertei do transe.
-Oi.
-Vamos ver os meninos mais de perto? – ela apontou para a rodinha onde
Timmy, Came, e outros meninos dançavam. Concordei com a cabeça e os
segui.
Ao chegar perto, pude vê-los dançando harmoniosamente. Eu ficava boba em
pensar que eu havia passado mais de uma semana com aquele menino lindo.
Ô pensamento de pré-adolescente.
“How could you be so heartless?”
(“Como você pode ser tão sem coração?”)
Como o Joe podia ser tão sem-coração? Ele não podia simplesmente
ter me dado um fora e me deixado em paz? Por que ele sempre tinha que
fingir interesse e depois me deixar mal? É, Demetria, você é uma otária.
Alguns minutos passaram e a música acabou. Timmy ia sair da roda quando
uma mão o puxou. Segundos depois, eu o vi beijando uma menina. Minha
boca se abriu e eu comecei a tossir. Todos do meu grupo olharam para mim
e eu saí, indo para um canto onde havia espreguiçadeiras.
Sentei-me em uma delas e fiquei encarando o chão. Eu estava realmente me sentindo culpada por ter feito aquilo com ele?
COMO, COMO ELE PÔDE TER SIDO TÃO FILHO DA PUTA DESSE JEITO?
Bufei.
Eu não sentia vontade de chorar, só... raiva.
-Onde está seu namoradinho agora? – escutei a voz do idiota. Revirei os
olhos e levantei, o ignorando. Ele me puxou pelo punho e eu o olhei.
-QUE É? ‘TÁ FELIZ AGORA? – esbravejei. Encarei o sorriso sarcástico de Joe, o que me fez ficar com mais raiva ainda. Eu queria jogar os dois num panelão, fazer sopa dos dois e dar para os pobres!
-Abaixa o tom, não estou gritando com você. – ele falou calmamente. Bufei novamente e puxei meu punho para junto de meu corpo.
-O que você quer? – perguntei entre os dentes.
-Me explicar. – revirei os olhos e tentei sair. Novamente, ele me puxou.
Mas dessa vez foi pela cintura. Seu peitoral colou-se às minhas costas.
- Por favor. – Jonas sussurrou em meu ouvido. Arrepiei-me da cabeça aos pés, mas consegui controlar minha voz, mantendo-a firme.
-Você tem 57 segundos. – me virei para ele, o encarando seriamente. Joe suspirou pesadamente.
-Você nunca gostou de alguém pra valer? – então o sorriso sarcástico
desapareceu do rosto dele. – Nunca sentiu que poderia fazer tudo por
aquela pessoa?
- Já cheguei perto disso, bem perto. Mas me decepcionei. – eu continuava séria. Houve um breve momento de silêncio.
-Bom, quando isso acontecer com você, você vai entender por que eu fiz o que fiz.
-Eu esperava tudo de você, menos que você fosse tão... baixo, idiota e estúpido desse jeito.
-Eu nunca te forcei a nada.
-MAS VOCÊ SABIA DOS MEUS SENTIMENTOS E, DO MESMO JEITO, RESOLVEU BRINCAR
COM ELES, PORRA. – agora eu gritava e não estava me importando com as
pessoas que passavam pela gente e me olhavam torto.
-EU NÃO SABIA DE NADA! VOCÊ É COMO UMA CAIXINHA DE SURPRESAS! EU SÓ
ENTREI NO TEU JOGO! - merda! Meus olhos encheram d’água e eu me prendi
para não chorar.
-E SE APROVEITOU DISSO PRA LEVAR VANTAGEM. NÃO É ISSO QUE VOCÊ QUERIA? ÓTIMO! ENTÃO PARE DE TENTAR JUSTIFICAR OS TEUS ERROS, JOSEPH– berrei o nome dele e soltei um soluço involuntário. Tudo o que eu não queria, chorar em frente a ele. Ótimo.
O que eu mais queria era alguém pra me consolar, mas eu não podia
estragar a noite de ninguém. Eu não queria atrapalhar mais ninguém, não
por hoje.
Fui até a minha casa e fiquei no jardim, com os pés dentro da água
aquecida da piscina. Eu os mexia lentamente, pensando, avaliando,
analisando, arrumando hipóteses e justificando seus resultados para mim
mesma. Por Deus, eu era uma lunática. Deveria ser internada. Fato.
Talvez, eu pedisse para o meu pai fazer isso.
Talvez, EU fizesse isso.
3 da manhã.
Subi para meu quarto e comecei a cantarolar uma música do Arctic Monkeys. Parei em um verso: “You can pour your heart out around three o'clock” (Você pode jogar seu coração para fora lá pelas 3 da manhã). Bem que eu queria poder fazer isso...
Nota mental: Eu realmente deveria trabalhar com trilhas sonoras.
10 coment's para o proximo
DICA: QUANTO MAIS RAPIDO VOCÊS COMENTAREM MAIS RAPIDO EU POSTO
A PRIMEIRA TEMPORADA TA ACABANDO!! ;)