Tonight’s the night.
Então era o dia da formatura dos meninos. Nos encontramos em frente ao
colégio e começamos a ter pensamentos nostálgicos referentes a esse ano.
Os meninos estavam empolgados com a idéia de começar a produzir seu próprio material, mas estavam tristes por deixar a escola.
Eu imaginava como seria daqui a um ano, se estaríamos os mesmos; se eu
continuaria com a minha política de só falar no necessário; se os casais
continuariam juntos; se NÓS continuaríamos juntos, já que o McFly,
quase que certamente, faria sucesso.
James era, de fato, o mais deprimido. Os outros quatro continuariam
juntos enquanto ele iria para a faculdade, ficaria longe da namorada,
que só o veria aos fins de semana, e ainda estudaria, o que, para ele,
era o pior de tudo.
Pobre James...
Sinceramente, não sei como seria a vida das tietes do McFly de agora em diante. Eu não sei como seria a
minha vida sem aqueles garotos.
-Acho que a gente devia fazer um MySpace pra começar a divulgação já. – Kevin falou com uma cara de sonhador.
-Ah, seria uma boa. Ou um site oficial até. – opinei.
-Opa, site oficial? Eu faço! – James se ofereceu.
-Ah, galera, mas a gente tem que ver se a banda vai
mesmo decolar. – Liam, o pessimista, falou.
-OOOW, pára com isso, cara. – Joe chamou a atenção. – Nós faremos um puta sucesso! Deixaremos as meninas de boca aberta e corações palpitantes. – ele riu.
-Isso aí que o Joe falou! – Nicholas concordou, empolgado, e levou um tapa de Selena. – Que foi? – ele perguntou, massageando a região.
-Nada de ficar de gracinha pras fãs, Nicholas. – ela falou, emburrada. Poyntner riu e se aproximou dela, pegando seu rosto entre as palmas das mãos.
-Você sabe que pro Nicholaszinho aqui só tem você. – ele murmurou antes de beijá-la.
-GAY! – Jonas deu um tapa da bunda de Nicholas, que parou o beijo para protestar. Rimos e continuamos nosso momento “tirando lembranças do fundo do baú”.
O ponto de encontro dessa vez era a minha casa. E uma vez que os meninos
tinham que ensaiar antes da apresentação, eles não viriam com a gente.
James, o agregado da banda, iria para ajudar na fiação.
Arrumei
meu cabelo (n/a: ignorem a cor, é só o modelo) sobre os ombros praticamente descobertos pelo
vestido e saí do quarto, encontrando as meninas a minha espera na sala.
-Você ‘tá linda, Demi! -
Sel sorriu. Devolvi o sorriso e falei que ela, como as outras, também estava.
-Vamos, né? –
Chelsea perguntou um pouco impaciente. Creio que a falta de Jimmy por mais de duas horas a fazia ficar assim.
-Vamos. – concordamos, indo para a rua achar algum táxi que aceitasse levar cinco meninas.
My fez sinal para um, que, por milagre, aceitou nos levar.
Deslizei pelo estofado de couro e me espremi entre
Daniella e uma das portas. Torci para que o caminho não estivesse congestionado, senão meu vestido ficaria amarrotado.
Ok, ele iria ficar amassado de qualquer jeito. Demorava uns 40 minutos
até chegar lá, já que o lugar era afastado de tudo e todos. Viva à
vaquinha.
Pisamos no piso de tacos de madeira encerado para a ocasião e eu vi como
a escola se empenhava em deixar tudo perfeito. Havia bolas pretas e
brancas espalhadas por todo lugar, o bar era prateado e os barman’s
usavam camisas sociais pretas com risca de giz, e, devido à movimentação
com os braços, eles tiveram que dobrar a manga até o cotovelo. A pista
de dança era longe das mesas e o DJ tocava Hip-Hop.
Os formandos já haviam chegado da colação de grau, que nós não fomos porque não havia lugares suficientes sobrando. Na verdade, Chelsea poderia ir, mas não quis ir porque queria se arrumar para a festa. Soube que a Sra. Jonas ficou chateada com o descaso dela com a formação do irmão, mas entendeu, já que Chelsea havia puxado esse lado paty-não-ligo-para-nada dela.
Encontramos os meninos sentados a uma mesa longe de tudo, num lugar calmo. Eles riam de alguma coisa, e eu pude notar como Joe ficava maravilhoso em roupas sociais.
-Hello, boys. – mostrei todos os meus dentes em sorriso.
-Vocês estão lindas! – eles exclamaram. Sorri envergonhada e agradeci.
-Awn, agora é oficial, meus formandos! Que emoção. – ri, apertando a bochecha de Nicholas.
Abracei fortemente um a um, até chegar no Joe, a quem eu não iria
abraçar se ele não tivesse me puxado para um abraço. Espantei-me e
desejei parabéns a ele, com a testa franzida. O que ele queria de mim?
-Quando o McFly entra? – My perguntou.
-Daqui a meia-hora. Mas temos que estar no camarim daqui a 15 minutos. – Kevin disse, respirando fundo.
-Quais músicas vocês vão tocar?
-As que vocês já conhecem, 5 Colours, Down By The Lake, Surfer Babe e Get Over You. – Nicholas piscou para Selena, que ficou vermelha.
-O pessoal vai gostar. – disse, passando confiança para Kevin, que estava inquieto.
Fomos para frente do palco assim que os meninos foram anunciados.
Sorri para eles, e, por um milagre, não murchei meu sorriso assim que meu olhar cruzou com o de
Joe. Eu sabia que aquele abraço significava alguma coisa boa, e eu
correria o risco. Poderia ser a minha última chance. Não queria chegar
no dia seguinte e ficar me torturando com o “E se...”.
A platéia reagiu perfeitamente bem às músicas, como sempre. Nós 5
cantávamos a plenos pulmões. E eu via James acompanhar a música pela
coxia do palco.
Em “Get Over You” Nicholas mandava beijinhos para Selena, o que a fazia corar e rir feito uma boba o tempo inteiro.
Assim que a apresentação terminou, eles vieram falar conosco.
-Meus amigos vão ficar famosos. Que lindo! – James falou de um jeito gay, que nos fez gargalhar.
-Não esqueceremos de vocês. Sempre teremos um VIP reservado pra cada um. – Liam falou.
-Tava na hora de ganhar alguma coisa aturando vocês, né... – brinquei.
-Sem VIP pra Demetria! - Nicholas riu. Levei uma das mãos à boca, como
se estivesse chocada, e ri.
-Gente, algumas pessoas estão indo pra praia artificial aqui embaixo. A
gente pode ir pra lá no fim da festa, quando estiver mais vazio. – James
comentou.
-Boa idéia. E o McFly podia tocar pra gente também. – sorri com a fala de My. Os meninos concordaram.
-Só que não agora. Vamos dançar! – Kevin falou de um jeito animado, nos fazendo rir.
Formamos uma rodinha num dos cantos da pista e começamos a dançar “Just Dance”.
-
GONNA BE OK, TCHURU, TCHURU, JUST DANCE! – berrávamos quando esses versos tocavam. Sem dúvida, a noite estava sendo divertida.
Depois de muitas músicas, o DJ fez uma pausa, deixando
uma lenta tocando. Continuamos na pista, esperando pela próxima agitada.
A música que tocava lembrava minha mãe por algum motivo desconhecido.
-Demetria...- Joe me chamou. Olhei para ele.
-Fale, Joseph. – amaciei a voz o máximo que pude para não parecer que eu
estava brigando com ele. Eu iria me arriscar essa noite, fato.
-Posso falar com você em particular? – ele pediu com um certo receio na
voz. Concordei silenciosamente e o segui. Paramos próximo a nossa mesa.
Permaneci em silêncio enquanto o observava colocar as mãos nos bolsos da
calça.
-Eu queria pedir uma coisa... – ele começou. – Eu não sei muito bem por
onde começar a falar. Então isso vai soar meio confuso... – era
engraçado ver Joe, o garanhão, se enrolando para falar. –Eu queria pedir
desculpas por tudo o que eu fiz. Eu, sei lá, sou inconseqüente e sempre
acabo magoando os outros, principalmente você. Então, desculpas. – Joe
analisava minha expressão enquanto contraía os lábios. Confesso que
estava um pouco decepcionada. Mas ele pedir desculpas já era algo, não
era?
-Tudo bem, Joseph...
-Joe. – ele corrigiu.
-Tudo bem,
Joe.- dei ênfase ao seu apelido. - Eu acabei aprendendo com os seus erros. – dei um sorriso sem graça. Ele se aproximou.
-E tem outra coisa que eu queria pedir... – murmurei um “hum” e ele
continuou. –Eu queria uma noite com você, como em Paris. – ele propôs,
se balançando levemente para frente e para trás, num ato de nervosismo.
“Be mine tonight.”
(“Seja minha esta noite.”)
-Pra no dia seguinte você me conseguir me humilhar? – senti a raiva aflorar.
-Não! Óbvio que não. Eu mudei, Demetria. Entenda. – ele parecia sério,
mas depois amaciou a voz. - No dia seguinte seremos qualquer outra coisa
que não te faça mal. –
“Se soubesse que por não fazer nada, já me faz mal...” Pensei.
Devo confessar que quando juntei todos os fatos, meu cérebro deu pane e
eu não sabia se devia ou não aceitar a proposta. Mas acabei aceitando.
Era isso ou nada.
E eu sei que muitas pensam que mulher não deve se contentar, e, sim, ter o que quer, mas eu não estava ligando para isso.
“Let this be just the start
(“Deixe isso ser só o começo)
Of so many nights like this.”
(De muitas noites como essa.”)
Joe umedeceu os lábios enquanto, delicadamente, colocava uma mecha do
meu cabelo para trás da orelha. Sorri carinhosamente e desejei que
aquilo não fosse um sonho.
Sem mais delongas, nos beijamos como em Paris, e, dessa vez, eu só
estava lembrando como os lábios dele eram macios, e como eu sentia que
minha barriga criava vida toda vez que ele movia as mãos ao redor da
minha cintura ou mordiscava meus lábios. Também me dei conta de que não
era Paris que fazia os beijos ficarem melhores, ou os casais se tornarem
apaixonados, e, sim, o amor – ou a paixão, como seja – que o fazia.
Rompemos o beijo assim que escutamos a batida de “Black or White”.
Sorrimos um para o outro. Uma das mãos dele procurou pelas minhas.
Entrelaçamos nossos dedos e fomos até a pista, onde nos juntamos ao
grupo, que nos encarava, todos curiosos.
-
Now I believe in miracles, and a miracle has happened tonight! – cantamos em coro, e eu identifiquei minha situação com a do verso. Olhei com canto do olho para Joe, que fazia o mesmo. Rimos e continuamos a dançar.
Na parte do rap, James imitou um rapper, com direito a microfone com a mão e tudo, enquanto nós, meninas, fazíamos um coro.
Logo a música mudou para “The boy does nothing”, que é uma música
dançante, então deixamos a rodinha de lado e começamos a dançar mais...
misturados.
Eu estava vivendo um replay de Paris, mas dessa vez eu sabia que tudo seria, pelo menos, melhor no dia seguinte.
[n/a: essa parte vai ficar estranha dependendo da ordem dos mcguys, desculpas!]
Era por volta das 2 da manhã quando resolvemos pedir drinks, pegar os
violões e descer para a “praia”. Tirei meus sapatos e os carreguei até
acharmos um canto completamente vazio.
Para um clube aquático, até que a “praia” não era nada má.
Sentei-me ao lado de Joe, que, assim que eu sentei, apoiou sua mão em
minha cintura e me trouxe para perto. Eu estava me sentindo nas nuvens,
admito.
-Qual música as senhoritas querem que nós toquemos? – Kevin perguntou ajeitando seu violão marrom em seu colo.
-Get Over You! – exclamamos em um uníssono, só para deixar Selena constrangida. Joe soltou minha cintura para pegar o violão e eu me afastei um pouco, para poder apreciar a vista.
Depois de uma vasta lista de músicas e covers, Joe resolveu mostrar uma
música que ele havia composto há um tempo, mas que só uma pessoa, que ele não revelaria, havia visto um pedaço da letra.
“I think of yesterday
And all the times I spent being lonely
I watched the young being young
While all the singers sung
About the way I felt
The days are here again
When all the lights go down,
What do they show me?
The rules are all the same
It's just a different game
To tell you how I feel
Although it seems so rare
I was always there
Ooh, ooh
I can't stop digging the way you make me feel
Ooh, ooh
I can't stop digging the way
Ooh, ooh
I can't stop digging the way you make me feel
I took a little time
Scripting all the things that I tell you
I'll send them through the mail
And if all goes well
It'd be a day or two
I spent some extra nights
Trying to forget the things that I've shown you
By now the smoke is cleared
And all along I feared
It would turn out this way
Though it might be wrong
My light is always on.”
Reconheci a letra de imediato e sorri feito uma boba enquanto Joe tentava se manter sério enquanto fazia uns “ba ba ba”. Comecei a ajudá-lo, não contendo uma risada.
”Look at us now
Ask me, how did this get so
I'll tell you how
Drag my shoes on the ground
But I'm taking em' all (taking em' all)
And I'm ready to walk, yeah.”
(
Tradução)
-E aí vem o refrão de novo. – ele disse por fim, um pouco envergonhado.
Começamos a bater palmas, o que o deixou mais sem graça ainda.
-Acho que todos sabemos quem foi a única pessoa que soube da letra antes... – Selena falou direcionando o olhar pra mim, e todos o fizeram também. Enterrei meu rosto no ombro de Joe, que havia me puxado e, agora, ria.
-Ok. Mudando de assunto, por favor. – pedi, sentindo meu sangue escoar, aos poucos, de minhas bochechas.
Estranho era pensar que ainda éramos, no fundo, aqueles 10 jovens que se
odiavam, que se amavam, que possuíam rixas; aqueles mesmos 10 das
noites em Paris, das festinhas às escondidas, das grandes festas, das
noites foras de casa, das bebedeiras, das conversas, das fofocas, dos
rolos e dos amassos.
Com certeza, os 10 mais legais do pedaço.
-GENTE! – Chelsea berrou. Olhamos pra ela. – Essa pode ser nossa última noite juntos! – falou de um jeito manhoso.
Embora o espírito de despedida prevalecesse entre nós, eu não acreditava
que tudo acabaria ali. O futuro teria de nos reservar mais algumas
surpresas.
-Pára de ser dramática, Jonas! Ainda temos as férias antes que a gravadora comece a estabelecer prazos e tarefas. – Kevin sorriu de um jeito afetado, que nos fez rir.
-Quem topa Amsterdã? – James propôs, eufórico.
É, definitivamente, nós ainda teríamos muitas histórias.